Durante a passeata, os educadores gritaram: "Troco o meu salário por auxílio-moradia". Ao chegarem no TCE, os manifestantes ocuparam uma das rampas de acesso e, às 11h50, retornaram para o acampamento na Praça Nossa Senhora de Salete.
Com a aprovação do auxílio moradia, cada um dos beneficiários deve receber a mais, por mês, R$ 4.337,74. Apesar do caráter indenizatório, o auxílio poderá ser pago mesmo para os servidores que possuem residência fixa na cidade onde trabalha, e não será preciso prestar contas sobre a destinação deste dinheiro.
Professores chegaram a ocupar uma das rampas
do TCE e retornaram para a Alep
(Foto: Daiane Baú/G1)
"O que é R$ 300 do nosso vale transporte frente aos R$ 4,3 mil de auxílio-moradia dos juízes. Vamos protestar e denunciar a situação para o Brasil todo", disse o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná (APP-Sindicato), Hermes Leão.
"Esses conselheiros são homens que tem vida boa, alguns são ex-deputados aqui do Paraná, com casa própria, que não moram em favela, que não precisam morar em ocupação e nunca precisaram morar debaixo da ponte. Ou seja, eles vivem bem. Tem dinheiro para esses poderes e não tem pra educação", reclamou Hermes.
A estimativa do TCE é de que a medida custe R$ 1 milhão por ano – são 20 beneficiários. Além dos sete conselheiros, responsáveis por aprovar a proposta, também têm direito os dez procuradores do Ministério Público de Contas e três auditores do TCE-PR. Para obter o benefício, os servidores devem apresentar um requerimento.
Denis William Nori e um grupo de professores vieram, na quinta-feira (19), de Cornélio Procópio, no norte, para Curitiba. Apesar de estarem preparados para ficar o tempo que precisar, Nori espera que a paralisação termine logo.
Denis Nori (à direita) é professor em Cornélio
Procópio, no norte do Paraná (Foto: Daiane Baú/G1)
“A nossa esperança é que a greve acabe em breve, mas as questões pedagógicas ainda são muitas. O governo já perdeu muita credibilidade por conta de todas as promessas que vem fazendo. Então, a gente fica firme até que esses pagamentos sejam efetuados realmente e as questões pedagógicas a gente espera ter um diálogo com o governo”, disse Nori.
A principal justificativa apresentada pelos conselheiros do TCE-PR para a aprovação do auxílio-moradia foi a equiparação de direito com outros tribunais de contas brasileiros, além de órgãos como o Tribunal de Justiça do
Paraná (TJ-PR) e Ministério Público do Paraná (MP-PR).
Atualmente, os cerca de 800 juízes e desembargadores do TJ-PR recebem R$ 4,4 mil por mês de auxílio moradia. O benefício também é pago mesmo para aqueles que já possuem residência na cidade onde trabalham, e não é preciso comprovar os gastos com residência ao tribunal. A Associação dos Magistrados do Paraná ainda requereu, recentemente, o pagamento retroativo a cinco anos.
Um promotor recebe, conforme divulgado no Portal da Transparência do MP-PR, R$ 25.260,20 de remuneração mensal. Isso significa que o auxílio-moradia é de cerca de R$ 3,7 mil. Já para os procuradores, com salário de R$ 26.589,68, o benefício é de aproximadamente R$ 3,9 mil.
Manifestantes em greve permanecem acampados
em frente à Alep nesta sexta-feira (20)
(Foto: Daiane Baú / G1)
Greve de educadores
A greve dos educadores completa onze dias nesta sexta-feira (20). Na quinta-feira (19), foi realizada uma reunião entre representantes do governo estadual e do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná (APP-Sindicato), no Palácio Iguaçu. A categoria decidiu manter a greve.
Uma nova reunião tinha sido marcada para as 10h desta sexta, mas foi transferida para as 14h30.
Entre as exigências para o fim da greve, estão o pagamento de benefícios atrasados e a reabertura dos turnos fechados no fim de 2014. Os trabalhadores também são contra itens do pacote de medidas (pacotaço) apresentado pelo governo estadual e que foi retirado da pauta de votações para revisão.
Fonte : G1