Ondas de calor e incêndios florestais em série colocaram em alerta grande parte da Europa Ocidental no fim de semana. Portugal, Espanha, França e Itália lidam com focos de incêndio provocados pelo calor e a falta de chuva, com temperaturas frequentemente passando dos 40º C castigando grandes áreas do continente.
As chamas fogem do controle principalmente na Espanha e na França, onde bombeiros trabalham incansavelmente para dominar o fogo. Em emergência, o Reino Unido se prepara para termômetros acima de 37º C nos próximos dias – uma temperatura muito elevada para os padrões britânicos.
Os espanhóis enfrentam 30 focos de incêndio ativos, a maioria atinge as províncias de Extremadura, Galícia e Astúrias. Mais de 600 homens foram deslocados para combater as chamas, que resistem em meio a temperaturas acima de 40ºC. O calor, associado a outras doenças pré-existentes em idosos, já matou 360 pessoas no país nos últimos dias.
Na França, os incêndios tiraram ao menos 16 mil pessoas de suas casas na região de Bordeaux. O fogo também atinge a costa do Mediterrâneo – destino veraneio muito popular na Europa. Segundo os meteorologistas, o calor deve se espalhar pela costa atlântica do país – geralmente mais acostumada a temperaturas amenas.
Em Portugal, o calor deu uma trégua nos últimos dias, caindo de 47º C para 42º C, o que permitiu o controle de alguns focos no norte do país. Desde o começo do mês, 238 idosos morreram no país por causa do calor.
Na Itália, o problema é a seca, que ameaça a safra de plantações agrícolas na bacia do Rio Pó. O governo destinou nesta semana 36 milhões de euros para o setor. A falta de chuva ameaça também a geração de energia, já que duas hidrelétricas tiveram de parar de funcionar por baixa nos reservatórios.
O calor não dá trégua nem à noite. Madri enfrenta há cinco noites temperaturas superiores a 25º C – um recorde, segundo meteorologistas locais. Nos últimos 100 anos, apenas 27 noites tiveram temperaturas acima dessa temperatura. Destas, 12 foram registradas nos últimos dez anos.
A Europa tem registrado nos últimos anos episódios climáticos cada vez mais extremos, em parte provocados pelo aquecimento global. No ano passado, enchentes causadas por chuvas muito acima da média inundaram a Alemanha e a Bélgica em julho. Em agosto, foi a vez da Grécia sofrer com incêndios florestais e ondas de calor. Ainda no ano passado, uma cidade na Sicília registrou a temperatura inédita de 51º C.
Ar-condicionado no máximo
Desacostumados ao calor extremo, os europeus tentam se defender como podem. Em Roma, onde as temperaturas superavam ontem os 30º C, os turistas enchiam suas garrafas de água nas tradicionais fontes da cidade.
“Está quente até dentro de casa. Estamos usando o ar-condicionado há dois meses. Temos de usá-lo com parcimônia, mas pelo menos para dormir é necessário”, disse a maquiadora Serena Vendoni.
O uso do ar-condicionado fez a conta de luz da família Vendoni disparar e é um exemplo de um novo costume que começa a preocupar as autoridades europeia: um consumo de energia alto não apenas no inverno, quando a UE depende do gás russo, mas também no verão.
Na semana passada, a estatal russa Gazprom paralisou o envio de gás natural por meio do gasoduto Nordstream 1 e aumentou temores de retaliações aos países europeus pelo apoio à Ucrânia na guerra. Com um consumo mais intenso, esse prejuízo energético pode ficar ainda maior.
Fonte: agências internacionais.
O Índice Geral de Preços – 10 (IGP-10) subiu 0,60% em julho, após ter aumentado 0,74% em junho, informa a Fundação Getulio Vargas (FGV) nesta segunda-feira. O resultado ficou acima do teto das estimativas dos analistas do mercado financeiro ouvidos pelo Projeções Broadcast, que esperavam uma alta desde 0,27% a 0,59%, com mediana de 0,46%.
Quanto aos três indicadores que compõem o IGP-10 de julho, os preços no atacado medidos pelo IPA-10 avançaram 0,57%, ante uma alta de 0,47% em junho. Os preços ao consumidor verificados pelo IPC-10 apresentaram aumento de 0,42% em julho, após o avanço de 0,72% em maio.
Já o INCC-10, que mede os preços da construção civil, teve alta de 1,26% em julho, depois de saltar 3,29% em junho.
Com o resultado de julho, o IGP-10 acumulou um aumento de 9,18% no ano. A taxa em 12 meses ficou em 10,87%. O período de coleta de preços para o indicador de maio foi do dia 11 de junho a 10 deste mês.
Redução de impostos
A redução dos impostos sobre a conta de luz e os combustíveis ajudou a aliviar a inflação ao consumidor na passagem de junho para julho, mas o encarecimento do óleo diesel e dos alimentos no atacado seguiu pressionando a leitura deste mês do IGP-10.
As principais pressões de alta vieram do atacado. A elevação de 0,57% no IPA-10 de julho, uma aceleração ante o 0,47% de junho, foi puxada pelos preços de alimentos e combustíveis. “A inflação ao produtor avançou sob influência dos preços dos alimentos e dos combustíveis. Entre os alimentos, o leite industrializado foi o destaque registrando alta de 16,30%. Já entre os combustíveis, o destaque foi do diesel, com alta de 10,91%”, diz a nota da FGV.
O quadro só não foi pior porque os preços de matérias-primas importantes para o IPA-10 recuaram na leitura de julho. “A aceleração do IPA não foi mais intensa dada a queda dos preços de commodities importantes. Minério de ferro (de -2,86% para -5,93%), milho (de -0,31 para -3,31%) e algodão (de 6,32% para -9,15%) registraram recuos em suas cotações diante do risco de recessão global”, continua a nota da FGV. A soja em grão também ficou mais barata, com queda de 0,78% no IPA-10 de julho.
Apesar da alta do óleo diesel no atacado, os preços ao consumidor dos combustíveis – com recuos de 1,49% na gasolina e de 7,57% no etanol – e da energia elétrica – queda de 1,45% – ficaram mais baratos, refletindo “parcialmente a redução do ICMS em seus números”, segundo a FGV. A redução de tributos federais e uma intervenção para reduzir o ICMS, principal tributo estadual, tem sido um dos focos das ações do governo Jair Bolsonaro para conter a escalada dos preços de combustíveis.
O alívio nos preços do combustíveis e também na conta de luz foi determinante para o IPC-10 desacelerar para 0,42% na leitura de julho, vindo de uma alta de 0,72% em junho. Conforme a FGV, sete das oito classes de despesa componentes do índice registraram decréscimo em suas taxas de variação: Transportes (0,45% para -0,41%), Educação, Leitura e Recreação (3,15% para 1,52%), Saúde e Cuidados Pessoais (0,84% para 0,24%), Vestuário (1,83% para 0,80%), Comunicação (-0,25% para -0,79%), Despesas Diversas (0,66% para 0,22%) e Habitação (0,13% para 0,07%).
O alívio só não foi maior por causa dos preços dos alimentos, cuja pressão já passa do atacado para a varejo. No IPC-10, o grupo Alimentação acelerou de 0,42% em junho para 1,48% em julho. Assim como havia ocorrido no IPA-10, os preços associados ao leite foram destaque nas pressões de alta. Segundo a FGV, “a maior influência” na aceleração do grupo Alimentação do IPC-10 “partiu do item laticínios, cuja taxa passou de 3,94% para 8,81%”. Apenas o leite longa vida ficou 16,74% mais caro na leitura de julho, ante alta de 5,45% em junho.
Já o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), também componente do IGP, arrefeceu para 1,26% em julho, ante um salto de 3,29% em junho. Segundo a FGV, os três grupos componentes do INCC registraram as seguintes variações na passagem de junho para julho: Materiais e Equipamentos (1,66% para 0,94%), Serviços (0,69% para 0,59%) e Mão de Obra (5,30% para 1,67%).
IPAs
Os preços agropecuários medidos pelo IPA Agrícola subiram 0,16% no atacado em julho, após uma queda de 0,04% em junho, dentro do IGP-10. Já os preços dos produtos industriais, mensurados pelo IPA Industrial, tiveram alta de 0,73% este mês, depois da elevação de 0,67% no atacado em junho.
Dentro do Índice de Preços por Atacado segundo Estágios de Processamento (IPA-EP), que permite visualizar a transmissão de preços ao longo da cadeia produtiva, os preços dos bens finais tiveram alta de 0,99% em julho, ante uma elevação de 0,01% em junho.
Os preços dos bens intermediários subiram 1,59% em julho, após alta de 1,57% no mês anterior. Já os preços das matérias-primas brutas recuaram 0,91% em julho, depois da queda de 0,29% em junho.
Fonte: CGN.