Homem assassina esposa e se mata na sequência.
Um homem, de 31 anos, matou a companheira de 18 anos e na sequência cometeu ato extremo na zona norte de Maringá, na madrugada deste domingo (26).
O fato ocorreu por volta das 2 horas na residência do casal localizada na Rua Rio Tocantins, no Jardim Batel. Durante uma discussão, o o marido matou a mulher com um tiro na cabeça e depois acabou se matando também.
As equipes do Siate e Samu estiveram no local, mas o casal já estava em óbito. Na residência, policiais militares e um investigador da Divisão de Homicídios (DH) encontraram uma pistola calibre 09 milímetros. Vizinhos contaram que o casal estava morando na residência a poucos dias, e que já tinham ouvido briga entre eles.
Após o trabalho da Polícia Científica na cena do ocorrido, os corpos foram removidos e encaminhados para o IML de Maringá. O caso já está praticamente esclarecido pela Polícia Civil, mas os investigadores da Divisão de Homicídios irão colher depoimentos de familiares e pessoas próximas ao casal, para tentar entender a motivação do crime.
Fonte: Corujão Notícias.
Polícia Civil do DF isenta advogado de Bolsonaro de acusação de
assédio sexual.
A Polícia Civil do Distrito Federal concluiu que o advogado Frederick Wassef não assediou uma mulher casada num restaurante de Brasília no fim de agosto, ao contrário do que alegou o marido dela. Após rever imagens das câmeras de segurança e conversar com testemunhas, os policiais concluíram que Wassef não se aproximou da mulher e foi, na verdade, vítima de uma tentativa de homicídio. Wassef é advogado do presidente Jair Bolsonaro e de outras pessoas da família dele.
O entrevero aconteceu em uma unidade do restaurante Chicago Prime, uma casa especializada em carnes, no Lago Sul – o local fica perto da região conhecida como “Península dos Ministros”, uma das mais nobres de Brasília. Wassef foi atacado com uma faca do próprio restaurante pelo empresário do agronegócio Adroaldo Juliani, que estava no restaurante com a mulher Márcia e a filha do casal. O ataque aconteceu depois de Márcia dizer ao marido que tinha sido assediada por Wassef no banheiro do restaurante. A versão no entanto seria falsa, segundo a polícia: as imagens mostram que Wassef não se encontrou e nem esteve no banheiro com Márcia.
“As diligências, inquirições (depoimentos) e as filmagens do circuito de segurança do estabelecimento, que foram obtidas durante as investigações policiais, apontam de forma segura e incontestável que jamais a vítima Frederick Wassef se aproximou de Márcia Janete Juliani ou do banheiro feminino, muito menos de qualquer outra mulher, restando absolutamente comprovado que em nenhum momento houve qualquer “assédio”, “gracejo”, “cantada”, conduta inapropriada ou mesmo uma simples conversa”, diz um trecho.
“A análise (…) demonstra que as “acusações” feitas pelo indiciado (Adroaldo) no local dos fatos, a partir de uma alegação de sua esposa, são inverdades, e que tais inverdades quase foram usadas para justificar um crime de homicídio. As filmagens mostram com nitidez e clareza que a vítima Frederick Wassef não foi e muito menos chegou perto do banheiro feminino ou de Márcia”, diz o relatório da Polícia Civil, assinado pelo delegado plantonista Sérgio dos Santos Filho no dia 18 de setembro.
Segundo o relatório da polícia, Márcia discutiu com Wassef depois de ela e a família consumirem grande quantidade de bebidas alcoólicas – a conta do grupo naquela tarde fechou em R$ 1.230,57, e incluiu 20 chopes, nove caipiroscas de caju, duas caipirinhas e duas garrafas de vinho, consumidos por cinco pessoas. Adroaldo, que se diz simpatizante de Bolsonaro, chegou a tentar se desculpar com Wassef. A família foi embora do restaurante depois da discussão, mas depois fez meia volta na caminhonete e voltou ao local. Adroaldo teria entrado no Chicago Prime disposto a matar Wassef.
“Na sequência as imagens mostram uma Dodge Ram de cor branca estacionando nas imediações do Chicago Prime. Do interior do veículo, o indiciado caminha até a mesa de Frederick Wassef e, após jogar o refrigerante da mesa no corpo da vítima (Wassef), pega uma faca e desfere um golpe (…), que só não o atinge pois ele joga seu corpo para trás, para evitar a estocada”.
“Ato contínuo, o ofendido se levanta e sai em desabalada carreira, deixando o estabelecimento, com o intuito de fugir do intento homicida do agressor. Então, o indiciado corre atrás da vítima com a faca em punho gritando que iria matá-lo. O investigado ainda comete injúria contra o ofendido ao chamá-lo de safado, sem vergonha”, continua o relato. Wassef tentou então se proteger entrando em um bar contíguo, chamado Royal Lounge, onde usa uma cadeira para afastar o fazendeiro Adroaldo.
O caso irá agora para o Tribunal de Justiça do DF. Caberá ao Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) decidir se apresentará ou não denúncia contra Adroaldo Juliani. A reportagem não conseguiu contato com o fazendeiro.
Fonte: CGN.
Alckmin tenta criar defecções no PSDB.
O ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, que está deixando o PSDB, articula discretamente um palanque para 2022 com antigos adversários e partidos que já estiveram na órbita tucana. Antes mesmo de anunciar por qual partido pretende disputar a próxima eleição, ele mantém uma rotina de conversas com líderes e políticos do interior que seguem “oficialmente” na base do governador João Doria (PSDB), mas que prometem ajudá-lo, de forma velada, a reconquistar o Palácio dos Bandeirantes.
O entorno de Alckmin sabe o quanto é difícil disputar uma eleição contra a máquina do governo, afinal ele chefiou o Executivo paulista por quatro mandatos: pela primeira vez em 2001, quando o então governador Mário Covas, de quem era vice, morreu, e depois, quando venceu as eleições em 2002, 2010 e 2014. Em 2022, porém, o ex-prefeito de Pindamonhangaba estará na oposição – o candidato do governo será o vice de Doria, Rodrigo Garcia.
“A maioria do PSDB vai votar silenciosamente no Geraldo, que é a cara do partido. Muitos têm cargos de confiança no governo, mas no fundo estão com ele. O PSDB raiz não vota no Rodrigo Garcia, que nunca foi tucano”, disse o ex-deputado e presidente do PSDB-SP, Pedro Tobias, que também vai deixar o partido. Ele avalia, ainda, que Alckmin não deve ter pressa em anunciar uma nova legenda.
Essa análise é corroborada pelas pesquisas mais recentes de intenção de voto. Segundo o Datafolha, Alckmin lidera entre os eleitores que se dizem tucanos, com 48%, ante 9% de Garcia, que assinou a ficha de filiação ao PSDB em maio, quando deixou o DEM. Nesse mesmo campo, o ex-governador Márcio França (PSB), que foi vice de Alckmin e apoia sua candidatura, teve 34% das intenções de voto no eleitorado do PSDB.
No geral, ainda segundo o Datafolha, Alckmin lidera a corrida com 26%, ante 17% do ex-prefeito Fernando Haddad (PT) e 15% de França. Entre os “alckmistas” esses números criam o clima de expectativa de poder, um elemento determinante para enfrentar a máquina.
“Quem é de fato social-democrata e representa o pensamento da classe média paulista? O Geraldo vai contar com o apoio que ele não perdeu. Está muito claro que o PSDB está perdendo seu histórico. Todos os tucanos históricos com quem converso dizem que o ex-governador representa a construção política do PSDB”, afirmou o ex-deputado Floriano Pesaro, que integra o núcleo político de Alckmin.
Agenda
O PSDB paulista, por sua vez, adotou uma intensa agenda de eventos com o vice-governador, na capital e no interior. “Ele tem todos os atributos de um candidato vencedor e já fez mais de cem reuniões com militantes. Ontem (quarta-feira), estivemos em Santana e na terça em Perus (ambos bairros da capital). Rodrigo esteve em todas as regiões do Estado. Nunca se teve uma militância tão próxima com a base do PSDB”, disse o presidente do PSDB-SP e secretário de Desenvolvimento Regional, Marco Vinholi.
Pelo cenário desenhado por Doria, seu vice deve assumir o cargo em abril, quando vence o prazo para ele deixar o governo para disputar o Palácio do Planalto. Já de olho na campanha, Garcia tem também participado intensamente de agendas oficiais e inaugurações.
O PSDB paulista abriu um processo de prévias para a escolha do candidato a governador, mas o prazo de inscrição expirou na segunda-feira passada. Como era de se esperar, Alckmin não se inscreveu. Mesmo sendo candidato único, Garcia pediu que o partido faça “prévias homologatórias” – militantes votarão em novembro para confirmar a candidatura.
Fonte: jornal O Estado de S. Paulo.
Governador sanciona lei que vai destinar cerca de R$ 480
milhões para a Educação.
O governador Carlos Massa Ratinho Junior sancionou nesta sexta-feira (24) a Lei nº 20.716 que autoriza o Estado a financiar até US$ 90,56 milhões (cerca de R$ 480 milhões na cotação atual) junto ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Os recursos são para implantar o Programa Educação para o Futuro, que prevê uma série de ações para modernizar ainda mais a educação pública do Paraná.
Com uma contrapartida do próprio Estado, o programa tem quatro componentes principais: aprimorar a proposta pedagógica e uso de tecnologias educacionais; expandir e fortalecer a Educação Profissional; construir cinco colégios modelo e promover pelo menos 150 reformas e ampliações em unidades existentes; e melhorar a gestão da Secretaria.
A contratação da operação de crédito passou pela tramitação na Secretaria de Estado da Fazenda, análise da Procuradoria-Geral do Estado (PGE) e foi autorizada pela Assembleia Legislativa. Os termos da proposta seguirão regulamentação estabelecida pelas autoridades monetárias encarregadas pela política econômica e financeira da União, conforme normas propostas pelo BID. Na sequência, o projeto será encaminhado para votação no Senado Federal, que autoriza a concessão de garantia pela União, para então ser assinado efetivamente.
A previsão é de que todos os trâmites sejam concluídos até o fim do ano para que o programa seja implantado já no início de 2022 na rede estadual de ensino.
De acordo com o governador Carlos Massa Ratinho Junior, o programa tem o objetivo de construir uma proposta pedagógica para o Ensino Médio, elevando a frequência escolar e reduzindo o abandono. Também tem a finalidade de expandir o uso de ferramentas e tecnologias educacionais a serviço do processo de ensino-aprendizagem.
“Educação é prioridade do Estado. Queremos superar os obstáculos impostos na aprendizagem dos estudantes, e, por meio dessa iniciativa, o Paraná vai avançar nessa área”, disse. Ratinho Junior destacou, ainda, que parte do recurso será destinado para fortalecer a Educação Profissional. “Dobraremos o número de vagas ofertadas no ensino profissionalizante da rede estadual, contribuindo para a qualificação profissional desses alunos”, afirmou.
Os investimentos, segundo o secretário de Estado da Educação e do Esporte (Seed), Renato Feder, também visam a reforma e ampliação de escolas já existentes, construindo unidades escolares de referência, com foco na expansão da Educação Profissional. “Com esse aporte financeiro, passaremos por uma transformação no setor. Vamos oferecer preparação e atualização para um ensino moderno, que realmente prepare os jovens paranaenses para o futuro”, disse.
PROPOSTA PEDAGÓGICA – A Secretaria atualizará a proposta pedagógica do Ensino Médio e aperfeiçoará ferramentas tecnológicas nas salas de aulas. Para isso, há previsão de reformulação de materiais didáticos e cursos de aperfeiçoamento para professores, com foco em habilidades digitais e socioambientais.
O Estado vai adquirir e entregar para as instituições de ensino 6 mil kits de robótica, que oferecem a alunos conteúdos de automação, conceitos de IoT (internet das coisas) e domótica – área relativa à integração de mecanismos tecnológicos em uma residência -, além de 30 mil equipamentos de informática, como computadores, roteadores de WI-FI e aparelhos de reconhecimento facial para as escolas.
Essas aquisições já acontecem neste segundo semestre como contrapartida do Estado.
ENSINO PROFISSIONALIZANTE – O governo estadual pretende, nos próximos quatro anos, aumentar de 70 mil para 110 mil matrículas no ensino profissionalizante (podendo chegar a 150 mil). Dessa forma, a Secretaria da Educação planeja que um em cada três estudantes de Ensino Médio estejam matriculados na educação profissional.
Será priorizado o aumento de vagas nos cursos de Administração, Educação Agrícola, Agronegócio, Auxiliar de Enfermagem e Magistério. Além disso, o Estado criará um novo curso, o de Desenvolvimento de Sistemas, com foco em programação.
REFORMA DE ESCOLAS – O Programa Educação para o Futuro também prevê a reforma de pelo menos 150 escolas e a construção de cinco centros modelo de educação para o futuro, que oferecerão ensino integral. No contraturno, os estudantes terão reforço educacional. As cinco novas unidades educacionais vão atender ao menos 1,5 mil alunos cada. Segundo a Seed, já foram pré-definidos 14 cidades que poderão receber os centros.
MELHORIAS NA GESTÃO – Além de melhorias administrativas, o projeto visa aumentar a eficiência, observando novas propostas educativas. Os sistemas de gestão da Rede Estadual de Ensino deverão ser atualizados e integrados. A Secretaria também vai avaliar rotineiramente o impacto das ações implementadas e poderá contar com consultoria de auditoria externa.
Fonte: AEN.
Primeiras doses exclusivas para adolescentes de 12 a 17 anos
chegam ao Paraná.
A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) recebeu mais 229.320 vacinas contra a Covid-19 da Pfizer/BioNTech na noite desta sexta-feira (24). São 129.870 segundas doses (D2) e 99.450 primeiras doses (D1) para adolescentes de 12 a 17 anos com comorbidades e deficiência permanente.
Os imunizantes fazem parte da 53ª pauta de distribuição do Ministério da Saúde e desembarcaram no Aeroporto Internacional Afonso Pena, em São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, às 18h40 e 19h10. De lá, as vacinas foram encaminhadas para o Centro de Medicamentos do Paraná (Cemepar) para conferência. A distribuição está marcada para o sábado.
As doses destinadas à D2 devem completar o esquema vacinal iniciado na 34ª remessa. Os imunizantes com a primeira dose desta pauta foram enviados para as Regionais de Saúde no início do mês de agosto. A nova orientação do Ministério da Saúde é que o intervalo de doses entre a D1 e D2 da Pfizer seja de 56 dias, ou oito semanas. Anteriormente, a recomendação indicava um prazo de cerca de três meses.
A 53ª pauta destinou ao Estado 284.570 vacinas contra a Covid-19. Além destas doses da Pfizer, a remessa inclui 55.250 vacinas da AstraZeneca para D2, que chegaram ao Paraná ainda pela manhã.
ADOLESCENTES – Este é o primeiro lote enviado pelo Ministério da Saúde com doses para imunização de menores de idade. A Pfizer é a única vacina aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para imunização de adolescentes. No Paraná, a vacinação deste público já havia sido anunciada com a utilização do remanescente da reserva técnica enviada em todas as remessas para os municípios.
Neste momento, seriam vacinados adolescentes com comorbidades de 12 a 17 anos e jovens de 17 anos, sem condições pré-existentes, considerando que as doses disponíveis nos municípios só atenderiam este público.
Após a decisão de seguir com a vacinação de adolescentes, mesmo sem comorbidades, o Ministério da Saúde voltou a incluir a vacinação deste público de forma indistinta no Plano Nacional de Imunizações (PNI) e garantiu que até dezembro todos os adolescentes devem ter recebido pelo menos a primeira dose do imunizante da farmacêutica norte-americana.
Fonte: AEN
Inteligência artificial entra na pauta da Câmara e do Senado.
Nos últimos meses, avançaram no Legislativo projetos para regulamentar o uso da tecnologia de inteligência artificial (IA) no País. A proposição mais adiantada é da Câmara, de autoria do deputado Eduardo Bismarck (PDT-CE), e está pronta para votação no plenário da Casa. Especialistas ouvidos pelo Estadão consideraram que os projetos têm pontos positivos, mas disseram que a regulação pode ser prematura, dada a velocidade com que a tecnologia de IA se desenvolve.
Na ficção, a inteligência artificial geralmente é retratada em histórias ameaçadoras, às vezes envolvendo máquinas que se rebelam contra os seres humanos. Ela está, por exemplo, em filmes como 2001: Uma Odisseia no Espaço (1968), ou Matrix (1999). Na vida real, a inteligência artificial é um tipo de programa de computador capaz de interpretar dados, aprender a partir deles e tomar decisões de forma autônoma para cumprir uma determinada tarefa definida pelo seu criador.
Hoje, a inteligência artificial está presente em uma série de ações cotidianas. Os algoritmos também estão em lojas online, no controle de estoques de empresas, em ferramentas de reconhecimento facial, em sistemas de prevenção de fraudes e na análise de padrões de comportamento de consumidores.
Na Câmara, há pelo menos outros três projetos além do apresentado por Eduardo Bismarck: as propostas dos deputados Léo Moraes (Podemos-RO), Bosco Costa (PL-SE) e Gustavo Fruet (PDT-PR). Todas tramitam em conjunto, apensadas ao projeto de Bismarck. No Senado, a inteligência artificial é assunto de mais três projetos. A mais adiantada é a de autoria do senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB) e tem como relator o líder do governo no Senado, Eduardo Gomes (MDB-TO).
A versão inicial do projeto de Bismarck, em tramitação na Câmara, é simples: são apenas nove artigos, estabelecendo os princípios gerais que devem reger o uso dos algoritmos de inteligência artificial no Brasil. Pela proposta, este tipo de software deve ser construído respeitando princípios como a dignidade humana, a proteção de dados pessoais, a não discriminação, a transparência e a segurança. A relatora da proposta é a deputada Luísa Canziani (PTB-PR).
O texto da Câmara também cria a figura do “agente de IA”, que pode ser tanto o desenvolvedor quanto o operador do software. O “agente de IA” é o responsável legal pelas decisões tomadas pelo algoritmo. Ao agente também cabe garantir que o software respeite as normas da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).
O projeto do Senado é ainda mais sintético, com seis artigos. De forma similar à proposta da Câmara, o texto de Veneziano determina que o desenvolvimento da IA no Brasil respeite princípios como ética, direitos humanos, valores democráticos e proteção da privacidade, entre outros. O projeto entrou na pauta e recebeu quase 20 emendas, mas foi retirado para que o relator pudesse aprimorar o texto final. Uma das emendas é do senador Paulo Paim (PT-RS), para determinar que a adoção da IA leve em conta o impacto sobre os empregos, inclusive no setor público.
Restrição
Nos últimos meses, a Câmara e o Senado realizaram audiências para debater a possível regulamentação da IA. Entidades de classe que representam empresas do setor de tecnologia se manifestaram contra a regulamentação. O temor é o de que novas regras possam restringir o desenvolvimento da tecnologia, cujas possibilidades e implicações futuras ainda são pouco conhecidas.
Bismarck disse que percebeu a necessidade do projeto ao ver que outros países avançam no tema, com a criação de leis sobre a tecnologia, muitas vezes com base em princípios definidos pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE). “Nós criamos princípios, direitos e deveres, para poder ajudar a tecnologia a se desenvolver. A gente não entra nos pequenos gargalos. Isso vai ficar para uma legislação complementar depois, se for o caso, quando a tecnologia estiver mais avançada”, disse ele ao Estadão.
O deputado também rejeita a ideia de que o projeto possa atrapalhar o desenvolvimento da tecnologia. “As grandes empresas hoje não querem mais lidar com fronteiras, com regras, porque acham que o próprio compliance delas supera as leis locais. Mas elas não são países soberanos capazes de instituir esses princípios, da forma como o Parlamento pode fazer”, declarou. “A nossa proposta está alinhada com a lei do Reino Unido, de Cingapura, do Japão, dos Estados Unidos. E por que lá não tem essas críticas?”, questionou o parlamentar.
Tema complexo
Especialistas em inteligência artificial ouvidos pelo Estadão afirmaram que o tema é complexo e que uma regulamentação efetiva sobre a tecnologia requer um nível de detalhamento bem maior do que o apresentado nas propostas atuais em tramitação no Congresso.
“É bem difícil definir o que é a inteligência artificial. É muito difícil fixar os limites do que está sendo regulamentado, embora a proposta (da Câmara) apresente uma definição. Então, isso torna um pouco arriscado você tentar fixar agora uma legislação quando a tecnologia ainda está num momento de desenvolvimento, de consolidação”, disse o professor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP) Fabio Gagliardi Cozman. Ele é diretor do Centro de Inteligência Artificial da instituição.
“O outro aspecto é que, na (legislação da) União Europeia, há uma abordagem voltada a riscos. Você tenta verificar qual a possibilidade de algo criar um problema. E, dentro deste risco, há níveis diferentes de ações que podem ser tomadas. Para termos algo deste tipo, seria preciso uma discussão mais detalhada. Isto eu acho que está um pouco vago no projeto, ainda”, afirmou Cozman. Ele, no entanto, disse considerar o debate pertinente. “Não sou totalmente crítico. Acho que a preocupação com o assunto é válida e a discussão precisa ser feita. Não é que seja errado legislar sobre o assunto, é que ainda não existem direitos e deveres claros sobre isto.”
Na avaliação do professor da Universidade Federal de Goiás (UFG) Anderson Soares, o projeto do deputado Eduardo Bismarck (PDT-CE) é o mais detalhado até o momento e tem, segundo ele, o mérito de se preocupar com a qualificação dos trabalhadores que vão lidar com a inteligência artificial, ou que terão seus empregos atingidos pela nova tecnologia.
Apesar disso, o professor observou que o texto pode criar um problema ao atribuir “intencionalidade” às decisões tomadas por algoritmos, já que a inteligência artificial não faz julgamento moral antes de tomar uma decisão da mesma forma que um humano faria. “Eventualmente, o algoritmo toma uma decisão como ‘vou dar este desconto a este cliente’. E isso não pode ser 100% interpretado. E, se essa interpretação for muito rígida, a gente pode inviabilizar a inteligência artificial da forma como ela é usada hoje”, afirmou Soares, que coordena o Centro de Excelência em Inteligência Artificial da UFG.
Ainda de acordo com o professor, chama a atenção a tentativa, nas propostas, de responsabilizar civilmente quem construiu ou quem vai operar o algoritmo. “Pode até ser que a gente chegue à conclusão de que isso é necessário, lá na frente. Mas, no atual momento, em que está todo mundo descobrindo onde esse tipo de tecnologia cria vantagens ou não, isso pode levar a uma burocratização excessiva da tecnologia. Neste momento, é inoportuno definir esses papéis”, afirmou Soares.
Fonte: jornal O Estado de S. Paulo.