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terça-feira, 25 de novembro de 2014


Ferguson, nos EUA, tem nova onda de violência por morte de jovem negro
Protestos recomeçaram após policial que matou jovem não ser processado.
Cidade registra saques, carros incendiados e tumultos.
Do G1, em São Paulo

Carros são incendiados durante protesto em Ferguson, nos Estados Unidos (Foto: AP Photo/Charlie Riedel)

A decisão de não indiciar o policial Darren Wilson, que em agosto matou o jovem negro Michael Brown, detonou nova onda de distúrbios em Ferguson, nos Estados Unidos, nesta terça-feira (25). Tiros e explosões foram ouvidos na cidade do estado de Missouri. Carros incendiados e saques também foram registrados.
Manifestantes queimaram edifícios, saquearam lojas e atiraram contra a polícia. Tropas de choque, FBI, Swat e a Guarda Nacional foram nas ruas de Ferguson. Tumultos foram controlados com gás lacrimogêneo.
O chefe de polícia de St. Louis, John Belmar, informou que pelo menos 29 pessoas foram detidas. Os confrontos representaram a pior noite de distúrbios na cidade desde agosto.
Ainda segundo o comandante, pelo menos 150 tiros foram disparados na região durante os protestos, mas nenhuma pessoa com ferimento grave foi registrada. Pelo menos 12 imóveis foram incendiados pelos manifestantes dentro da cidade e nas proximidades – a maioria foi totalmente danificada.
Veículos incendiados, janelas e veículos destruídos, saques e sons de tiros tomaram a Avenida West Florissant de Ferguson e seus arredores, após o anúncio da decisão judicial. Essa avenida também concentrou os distúrbios raciais que ocorreram em agosto pela morte de Brown.
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Os manifestantes denunciaram que os agentes reprimiram o protesto com gás lacrimogêneo, mas a polícia do condado de St. Louis informou, através do Twitter, que só utiliza "fumaça" para dispersar as pessoas.
Os protestos pacíficos se estendem por Nova York, Chicago, Los Angeles, Washington D.C., Oakland e outras grandes cidades do país.
O Departamento de Polícia informou que o aeroporto de St. Louis foi fechado para pousos e decolagens, por determinação da Administração Federal de Aviação dos EUA.
Ferido
Embora autoridades não tenham confirmado, a agência de notícias Reuters informou que um policial foi ferido num dos braços por um tiro.
O presidente dos EUA, Barack Obama, pediu no início da madrugada desta terça calma à população de Fergunson. Ele começou seu discurso lembrando que os pais de Michael Brown pediram que as pessoas não recorressem à violência durante os protestos e defenderam um debate construtivo, que promova mudanças, para que a morte de seu filho não seja em vão.
Os protestos começaram logo após um júri local decidir não processar o policial branco pela morte de Brow, de 18 anos. O jovem foi morto a tiros.
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Depois da decisão, o presidente dos EUA, Barack Obama, pediu calma à população de Fergunson. Obama pediu que possíveis manifestações fossem pacíficas, segundo comunicado da Casa Branca. O mesmo pedido foi feito pelo governador do Missouri, Jay Nixon.
Darren Wilson não será processado porque o júri de St. Louis concluiu que não há provas suficientes para processá-lo, anunciou o promotor da comarca, Robert (Bob) McCulloch. "Darren Wilson não será acusado em conexão à morte de Michael Brown ocorrida em 9 de agosto em Ferguson", afirmou McCulloch.
Segundo ele, o júri trabalhou "intensamente" durante os últimos meses e encontrou inconsistências no depoimento das testemunhas que incriminavam Wilson. "Não há dúvida de que Darren Wilson matou. Wilson foi o agressor inicial. Mas foi autorizado a usar força letal em autodefesa", disse o promotor.
Manifestante saqueia uma loja em Ferguson. (Foto: David Goldman / AP Photo)
A área de Ferguson, St. Louis, no Missouri, entrou em estado de alerta. O FBI, a Guarda Nacional e tropa de choque estão preparados para intervir caso ocorram protestos. A decisão, aguardada por centenas de pessoas nas ruas, provoca o temor de novas manifestações e distúrbios na cidade, sacudida por protestos em agosto passado.
Em nota enviada à imprensa, a família de Brown afirmou que ficou "desapontada". "Estamos profundamente decepcionados de que o assassino do nosso filho não tenha que sofrer as consequências de seus atos", informou a família de Brown, pedindo 'respeitosamente que qualquer manifestação seja pacífica'. "Juntem-se a nós em nossa campanha para que todo policial nas ruas desse país use uma câmera acoplada a seu corpo. Nós respeitosamente pedimos que vocês protestem pacificamente. Responder violência com violência não é a reação mais apropriada", diz o comunicado.
Composto por 12 pessoas, o júri manteve reuniões secretas por meses, uma vez por semana, ouvindo testemunhas e analisando evidências. Os integrantes eram seis homens brancos, três mulheres brancas, duas mulheres negras e um homem negro. Eles tinham a opção de não acusar Wilson por crime algum ou decidir que ele deveria ser processado por homicídio involuntário ou assassinato, com sua absolvição ou condenação (e pena) sendo decidida em novo julgamento. A decisão não precisava ser unânime, sendo validada caso fosse aprovada por ao menos nove dos 12 jurados.
Integrantes da Guarda Nacional foram designados para garantir a segurança do prédio da promotoria em Clayton. Em Ferguson, lojas fecharam as portas e escolas suspenderam as aulas nesta segunda, pelo temor de possíveis manifestações violentas, como as que ocorreram em agosto, após a morte do jovem.

 
Protestos
A morte de Michael Brown, em 9 de agosto, gerou uma violenta onda de manifestações em Ferguson, especialmente por que Wilson, um policial branco,
 atirou ao menos seis vezes no jovem negro de 18 anos que, segundo testemunhas, estaria desarmado. Quase 70% da população de Ferguson é negra, mas as autoridades políticas e policiais são majoritariamente brancas.

De acordo com a polícia, Brown teria participado de um assalto a uma loja de bebidas pouco antes de ser baleado.
 Um vídeo do crime, em que o jovem supostamente aparece, chegou a ser divulgado.

Após semanas de violência nas ruas,
 a Guarda Nacional foi enviada a Ferguson para controlar os distúrbios. Na última segunda-feira (17), com o julgamento de Wilson já se aproximando de seu final, o governador declarou situação de emergência 
e autorizou forças especiais de segurança estaduais a apoiarem a polícia em caso de violência.

A ordem do governador também determinou que, em eventuais protestos, a responsabilidade seria do Departamento de Polícia do Condado de St. Louis, e não da polícia da cidade de Ferguson.


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